sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

A melhor cachaça do momento

Eu tenho um vício. Sim, admito. Sou completamente dependente de quadrinhos. Não consigo pegar no sono antes de mergulhar nas viagens alucinantes de alguns malucos saudáveis como Alan Moore, Garth Ennis, Neil Gaiman, Grant Morrisson, Warren Ellis, Frank Miller e outros tantos que se dedicam a essa que considero uma das mais bacanas formas de arte pop. Onde mais você pode encontrar desenho e literatura com narrativa cinematográfica? Só falta o som.

Costumo brincar que os quadrinhos são a minha "cachaça". Quando era mais novo eu era mais alucinado. Comprava e lia quase tudo que tinha balãozinhos e super-pessoas de colantes coloridos na capa. Hoje a idade me deixou mais seletivo. Prefiro perseguir meus autores preferidos. Gosto também de encadernados e alguns quadrinhos alternativos. Mas ultimamente uma revista tem me feito retomar a minha antiga pegada de colecionador inveterado. É a Pixel Magazine, da editora Pixel, que este mês chega ao número 11. Lá estão reunidos os melhores autores da atualidade e os personagens mais alucinantes da indústria dos comics americanos. E aqui estou eu de novo com aquela ansiedade juvenil aguardando pelo próximo número.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Kerning também é design


Por mais que o título deste post possa soar óbvio para muitos designers ainda existem profissionais que não se preocupam com isso. Antes de mais nada vale uma explicaçãozinha rápida sobre a diferença entre kerning e tracking: kerning é o processo em que se aumenta ou reduz o espaço entre pares de letras e tracking é o mesmo efeito só que em um bloco de texto, podendo assim "apertar" ou "abrir" a parte onde foi aplicado.

Sobre o segundo pouco tem que se falar, a não ser que sempre é recomendado um bom senso estético básico para que o texto não fique muito apertado ou espaçado demais dificultando assim a leitura. O meu foco é o kerning que tem muita utilidade em trabalhos onde as palavras recebem um grande destaque geralmente com um tamanho de corpo da fonte bem maior (Ex.: títulos, chamadas de capa, slogans, frases destacadas, etc.).

Muitos (mas muitos mesmo!) designers da área editorial ignoram o kerning por simples preguiça ou por falta de noção estética mesmo. Está certo que em algumas mídias que necessitam uma maior agilidade como jornais diários ou revistas semanais muitas chamadas e títulos vão no automático mesmo por falta de tempo. Mas mesmo assim não se justifica que em determinadas partes como capas, aberturas de matérias especiais entre outras coisas que se beneficiam de um pouco mais de tempo de criação fiquem a mercê do kerning default de cada fonte. Se tratando de revistas com periodicidade maior isso se torna algo imperdoável.

Mas mesmo assim assistimos por aí um festival de chamadas com kerning totalmente disformes, uma quantidade enorme de "ruídos" visuais dando aquele ar amador a qualquer trabalho.
No exemplo abaixo, usando a fonte Minion Regular, pode se notar o quanto é irriquieto os espaços entre as letras quando usado o kerning automático (o programa usado foi o InDesign, da Adobe):

Com um pouco de paciência, alterando-se o kerning manualmente de cada par de letras você pode chegar num resultado mais agradável. Não existem valores certos. A idéia é ir mexendo até conseguir o resultado desejado:

Assim dá para se ter uma idéia do ganho de elegância visual que se pode obter usando um recurso muitas vezes desprezado. E para quem quiser mais informações bacanas sobre fontes e dicas de como melhor usá-las dêem uma passada no site Thinking with type. Vale a visita.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Portfólio - Época


O tema de capa desta semana da revista Época (ed. 510) foi a renúncia de Fidel Castro. Para fazer a abertura da matéria eu e o diretor de arte Marcos Marques haviamos discutido algumas idéias e resolvemos seguir algo que lembrasse o clássico design construtivista russo usados nos cartazes comunistas da antiga União Soviética (quem quiser saber mais aqui vai uma dica bacana, o blog Soviet Posters). Desta vez colocarei as várias versões que fiz até o resultado final. Minha primeira tentativa foi algo totalmente gráfico, com a foto do Fidel recebendo um tratamento de ilustração. Na mesma linha fiz um com a mesma foto em PB. A terceira tentativa foi algo um pouco mais sóbrio, com a foto de perfil do Fidel com um charuto aceso. Nessa etapa o diretor de redação Hélio Gurovitz me pediu algo mais austero ainda e resolvi abandonar todos os elementos gráficos e apliquei uma outra fonte no título a fim de ressaltar o caráter mais sério que o tema pedia. Por fim, a solução aprovada (a imagem maior acima) foi a que tinha o texto na área branca para melhorar a leitura e completamente isolado da foto.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Portfólio - Época

Continuando a mostrar alguns de meus trabalhos agora uma matéria que saiu na edição de Época de janeiro de 2007 (ed. 452). O tema era o lançamento do IPhone, o celular-computador da Apple. Como todos anunciavam que estávamos diante de mais uma revolução tecnológica tive a idéia de criar um conceito onde o IPhone se detacaria de outros celulares comuns. Foi algo até divertido de se fazer pois reunimos dezenas de celulares da pessoas que trabalhavam na redação e amontoamos numa mesa, como uma montanha, para uma sessão de fotos. Depois, com ajuda do meu amigo e ilustrador Nilson Cardoso, foi feita uma montagem no Photoshop onde o IPhone estaria no topo desse monte, brilhando como algo divino. No caso do aparelho da Apple foi usado uma foto de divulgação. Para o design gráfico da matéria me inspirei no material promocional da própria Apple, criando uma fusão da cara da revista com a estética gráfica da empresa naquele momento.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

A evolução dos logos

Vou aproveitar este post para um desabafo... eu não acredito na quantidade de "profissionais" (será?) que tem por aí dizendo serem especialistas em criação de logos para empresas. Mais terrível ainda é o monte de empresas que acreditam neles e deixam a mais importante parte de sua identidade visual nas mãos dessa galera. Fazer um logo vai muito além de misturar umas cores, colocar aquela fonte fantasia de mau gosto ou usar um clipart cafona e mal desenhado. É algo que demanda um estudo aprofundado. Um bom logo tem que ser limpo e objetivo para não se tornar um "ruído" em qualquer mídia em que for usado. Sempre é bom procurar referências visuais bacanas (formas, objetos, etc.) e se preocupar com o público que a empresa vai atingir. O logo é uma assinatura da empresa e precisa ser facilmente reconhecido. Isso ajuda (e muito) a aumentar a credibilidade do negócio. Bom... tudo isso para mostrar uns sites em que podemos acompanhar a evolução de alguns logos famosos. Muito legal é entender as referências usadas e acompanhar as tendências de cada época. Neste aqui apenas as grandes marcas automobilísticas e neste outro algumas marcas famosas que vemos por aí.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Portfólio - Época

Mais uma matéria da revista Época na qual o design foi feito por mim. É a capa desta semana (ed. 509) e o tema era "turismo espacial". Matéria de vanguarda exige uma referência de vanguarda e nenhuma revista faz isso melhor em design gráfico editorial do que a Wired. Busquei em meu arquivo mental algumas coisas que já tinha visto por lá. Juntei uma pitada de Popular Science e deu no que deu. Um detalhe que acho bacana é o grande desafio de fazer tudo isso mas manter a cara da Época. Ela tem um projeto gráfico definido e temos sempre que deixar o leitor com a certeza de que ainda está lendo a mesma revista, mesmo que diferente. Arrisquei optar por uma fonte atípica no título, que já foi muito usada nos anos 80 e 90 e hoje anda meio esquecida, a OCR. Fora de contexto ela pode se tornar um sério "ruído" visual, mas acho que fui feliz e gostei do resultado final.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Pouso forçado de um avião numa praia

Sei que não tem nada a ver com design gráfico, mas achei muito bom. Chega a dar um frio na barriga.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Até o melancólico e macabro pode ser bonito

Mesmo depois de ter assassinado um dos clássicos da minha infância, A Fantástica Fábrica de Chocolate, eu não deixei de conferir a última viagem do diretor Tim Burton nas telonas: o musical Sweeney Todd, o Barbeiro Demônio da Rua Fleet. Sou fã do cara. Quero deixar claro que não é minha intenção bancar o crítico de cinema. Longe de ser uma obra-prima o filme é no máximo legalzinho. O que me atrai nas obras de Burton é sua alucinante estética gótica-deprê que, juntamente com sua fotografia quase monocromática se torna uma rica experiência visual. Pelo menos para mim uma bacana fonte de referências.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Portfólio - Época

Para inaugurar meu próprio blog nada melhor do que mostrar um trabalho feito por mim. Na edição desta semana da revista Época (ed. 508) eu concebi o design da matéria "Suicídio.com" escrita pela minha colega e jornalista premiadíssima Eliane Brum. Quando ela sentou comigo para me passar o briefing (a matéria conta a história dramática do adolescente Vinícius Gageiro Marques - também conhecido pelo apelido Yoñlu - que se suicidou ao vivo pela internet) e discutir algumas alternativas para o lay-out logo veio a minha mente algo mais sóbrio e elegante, evitando cair no sensacionalismo visual que geralmente outros designers adotam para este tipo de tema. Quis explorar bastante os brancos e abusei de frases no estilo "fade" (com o tamanho do corpo das letras diminuindo a cada linha). O garoto era extremamente talentoso e me aproveitei das ilustrações e das belas fotografias que ele deixou. Isso deu um ar de "homenagem" aumentando ainda mais o clima nobre do design. Enfim, um trabalho recente do qual me orgulhei. No decorrer das postagens colocarei outros trabalhos meus. Sempre que o título do post indicar "Portfólio - ..." estarei mostrando algumas coisas que faço e comentando algumas técnicas e idéias que uso na elaboração. Aguardo críticas e comentários.